segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

PENSAR BEM É TER IDEIAS ADEQUADAS

Nascemos com poucos referenciais , visto que nosso cérebro biologicamente falando, está em formação,  embora, já no ventre da mãe é possível experimentarmos sensações de prazer, de acolhimento, como também de angústias, de medos e de  frustrações , tudo isso porque recebemos essas impressões pelo corpo materno.
Somos um mistério. Afinal o que realmente nasce? Uma tábula rasa, ou uma mente, onde estão embutidas potencialidades que serão desenvolvidas dentro do nosso contexto de Vida?
Claro, existem  teorias, algumas centenárias sobre o assunto ,  não vou discorrer sobre elas nesse post.
Enfim, ao sermos socializados ,como esponjas, assimilamos , através de nossos pais, irmãos, parentes e amigos o que se coloca ao nosso redor. 
E pelo que  entendo, a maioria das pessoas dispõem de pouquíssimos conhecimentos sobre o funcionamento cerebral,  a importância nos primeiros anos de vida de uma intensificação do ambiente, dos processos, dos objetos,  cores,  sensações, texturas, pluralidades e diversidade de situações em que a criança deveria ser exposta , a fim de proporcionar ao cérebro condições de excelência.
Infelizmente, nossos filhos recebem pouca estimulação, e condenamos gênios a mediocridade, quem sabe.
Somos configurados até a idade da pré adolescência ao senso comum, com ideias bem populares sobre a vida, com a religião cristã permeando cada ação, pensamento, sentimento.
A partir desse contexto iniciam-se questionamentos sobre essa visão de mundo estereotipada que nos foi passada e infelizmente, na maioria de nós, permanecerá até nossa morte.
Alguns se mantêm no primeiro modelo de gênero de conhecimento a vida toda, é o que postula  Espinosa filósofo que viveu no século XVII .

Esse é o  senso comum, que imagina a realidade apenas pelas sensações que recebe dela.
Transportando tal modelo mental para tudo que ocorre ao nosso redor, podemos antever alguns transtornos que se materializam em virtude dessa maneira de enxergar a Vida. 
Um deles seria a passividade diante das situações que ocorrem, porque se  apenas interpreto o que acontece , sem entender as causas, apenas avaliando pelo efeito, pouco posso transformar. 
Já no segundo gênero do conhecimento, conseguimos ampliar um pouco  nossa maneira de perceber , quando através de um método de raciocínio tentamos encontrar os motivos que ocasionam os efeitos.
E ao compreender o motor por trás dos acontecimentos, me torno um pouco mais livre.
O terceiro gênero de conhecimento é o mais ampliado de todos eles: Por meio da intuição , me apercebo do momento presente e diante disso , uso o método científico para testar esse insight e desse processo incorporo o conceito ao já vivenciado.
Pode-se exemplificar o enunciado acima servindo-se se do sonho que o químico Kekulé teve certa noite.
No sonho,o cientista via uma cobra mordendo o próprio rabo. E dias antes ele estava procurando a fórmula do benzeno. O bicho se formava por um anel de carbonos , como uma cobra mordendo o próprio rabo.
Ao acordar, utilizou-se de seu pensamento científico para compreender a mensagem intuitiva que recebera do sonho e assim a fórmula do benzeno foi encontrada.
Espinosa ensinava ser esse  o processo do bem pensar, das ideias adequadas e seriam esses pensamentos que nos libertariam das imagens, do senso comum da ignorância da Humanidade.
Parece que ainda estamos longe disso, todavia devemos continuar a insistir em que a sociedade receba uma educação de qualidade a fim de transcendermos esses momentos obscuros que vivemos.

A VIDA TEM O MESMO VALOR EM TODOS OS SERES!

Existe uma ideia bem definida e difundida na sociedade afirmando ser o humano, o melhor dentro da criação.
É comum lermos na imprensa ou ouvirmos situações de alguém, agindo sob forte emoção  e intempestivamente ocasionar  uma tragédia. Nesses casos , a frase trivial "Aflorou o lado animal, de besta, irracional" se torna clichê
Provavelmente essa ideia de nossa ascendência,  tenha nascido da religião, especificamente a cristã, que orienta o mundo ocidental.
No livro de Gênesis encontramos Adão dominando  sobre os animais e  nomeando-os todos, ordem dada por Deus. Dessa narrativa, alguns teólogos podem ter interpretado: Teríamos a primazia, sendo homens, seres pensantes possuindo linguagem definimos conceitos e possibilidades.
Além disso, é ensinado  sermos nós, a coroa da criação pois  Deus teria criado o Homem e no sétimo dia descansado, dizendo que tudo que foi feito seria Bom! 
Buscando um enunciado para legitimar seu governo sobre a Natureza e assim sobre todos os demais seres, alguns , espertamente, sabedores da influência do cristianismo, tomaram para si esse discurso e o difundiram na sociedade. 
Porém, sabemos pela experiência, leitura, conhecimento de mundo, que existem outras maneiras de enxergar a Vida.
Muitas religiões valorizam a Biosfera em sua totalidade, levando em consideração os diversos ecossistemas e de como todos nós  , junto com a Natureza fazemos parte de algo Maior.
E diante dessa Visão não existe essência mais sagrada do que a outra, o que nos leva a compreender que não estamos descolados da Natureza, portanto o valor de existência de um simples inseto é tão crucial como a nossa.   
Não estou defendendo aqui que somos iguais aos insetos, aos animais, mas antes que A Vida que permeia cada ser, vale o mesmo.
No entanto, como seres humanos, desenvolvemos racionalidade, sensibilidade, intuição, e principalmente linguagem.
E a linguagem ,  embora muitos não atentem, tem um VALOR  importante nessa equação, porque é através dela que legitimamos essa domesticação atual.
E você? O que entende dessa questão? Poderia adicionar mais argumentos para nossa discussão? 

SER JUSTO É CADA UM VIVER NO SEU QUADRADO

Procuramos hoje e sempre, formulações para abstrações que utilizamos em nosso cotidiano, porque somos seres que buscam sentidos em tudo o que fazemos.
Dessa forma, a questão da Justiça é importante para a sociedade, em função de a partir dessa conceituação, podermos agir norteados por uma ideia que legitime nossa ação.
Há muitas definições sobre o assunto, e acredito que atualmente o que se traduz como tal, seria o pensamento de que para alcançarmos um País onde exista de fato, um ambiente igualitário para todos, faz se necessário que opere um Direito, um conjunto de Leis, que defina a cada um seu lugar dentro do coletivo. Dito de outra forma, Justiça se faz com leis, e boas leis, que permitam a grupos sociais se manterem em certa harmonia dentro do campo social.
Entendemos pela experiência que isso seria apenas o ideal, que nas relações quotidianas o que prevalece ,na maioria das vezes é o poder pessoal e econômico, legando aos mais pobres a exclusão e a impossibilidade de encontrarem equidade.
Na Antiguidade, também  se argumentava  a respeito  do que seria um indivíduo justo. Se nos espelharmos  nos gregos, que foram na visão da História Ocidental, aqueles que deram início ao que conhecemos como civilização nessa parte do Planeta, Sócrates por exemplo, entendia o problema como algo a ser esquadrinhado, além é claro da premissa de que fundamentalmente existia, no mundo ideal um puro conceito do que seria Justiça.
Há bons atos, existem leis humanitárias entre nós, mas jamais serão produções perfeitas.
Por outro lado, na República de Platão temos o conhecimento através do qual, para que alguém fosse considerado justo deveria viver de acordo com a sua missão de vida.
Explico. Na idealização  cósmica do mundo imaginada pelos gregos, estamos  em um Kosmos perfeito e finito, onde leis gerais determinavam tudo o que aconteceria.
Nesse sistema, nos encaixaríamos em uma  "engrenagem", e m ao descobrir nosso lugar no Kosmos , deveríamos viver, alcançando assim a eudaimonia.
Isso seria cumprir sua missão. 
Na cidade perfeita imaginada por Platão, não seria diferente. Ser justo  era, simplesmente atuar em função de suas capacidades , sabendo exatamente seu lugar no Universo, agir de acordo com essa ideia. 
 Portanto, não se  intrometendo no espaço do outro e procurando a excelência naquilo que faz teríamos uma sociedade perfeita,  justa.
Parece bem diferente do que apreciamos  hoje por Justiça, onde muitos a entendem no sentido de dar a cada um segundo a sua capacidade e necessidade.
E você? Qual sua posição a respeito do tema, e como poderia se alinhar com tantas outras percepções sobre o assunto?

sábado, 5 de agosto de 2017

ARETE

Muitos definem Felicidade pelos bons momentos em que viveram, pelo que sentiram, usando assim critérios subjetivos. Poderíamos dizer então que felicidade é algo relativo a cada pessoa .
Existiria uma Felicidade objetiva? Haveria critérios para se avaliar se alguma pessoa é feliz ou não?
Ontem li um artigo que versava sobre esse tema. È vem de uma fonte grega de mais de 2000 anos e seu nome é Aristóteles.
Para o pensador a felicidade é sim, objetiva, e devem existir critérios para dizer se alguém é feliz ou não.
Resumidamente poderia se dizer que a palavra grega  eudaimonia, traduzida por felicidade carrega dentro de si uma significação mais rica e profunda.
Seria algo assim como Florescimento ou vida boa e assim não dependeria, como pensamos hoje apenas de momentos felizes, mas pelo contrário, de uma série de critérios, uma construção que duraria uma Vida e além dela mesma.
Alguns critérios objetivos para que alguém pudesse ser feliz de acordo com o filósofo seria a pessoa ter amigos, ter uma boa sorte, compreender sua finalidade dentro do Cosmo organizado e assim desenvolver as virtudes, buscando nelas sempre o meio termo.
E é claro, sem deixar de lembrar que o conhecimento, a contemplação seria, talvez a suprema virtude, o que de fato, poderia fazer com que trancendessemos nossa natureza
Aristóteles parte da ideia de que cada ser existente na Natureza tem uma finalidade. O olho tem a finalidade de enxergar, á agua tem a finalidade de molhar, e assim por diante. Se dentro desse conceito, nós como seres humanos descobrirmos nossa finalidade, nos encaixaríamos dentro do padrão organizado do caos e teríamos grandes chances de sermos felizes.
E todo esse florescimento , é claro demandaria um esforço, uma construção que dia após dia nos levaria a excelência.
Aretê seria mais ou menos a concepção dessa ideia de desenvolvimento como um todo.
Os gregos acreditavam que o homem deveria ser educado em todas as dimensões, assim valorizavam principalmente a educação Física, as Artes como a música e a gramática.
Algum tempo depois, além desses conceitos, alinhou-se também a noção de cidadão, o que os levou a valorizarem a oratória e a retórica, por para ser cidadão era preciso discursar no Ágora e lutar pelas suas ideias.
É claro que o Aretê se alinha com o conceito da felicidade, da vida boa , porque ao maximizar minhas virtudes , alcanço a excelência e assim vivo mais feliz.
Dizem até, que na ideia em um sentido mais amplo, até depois da morte poderia-se ser mais ou menos feliz, dependendo da sorte que teriam nossos descendentes. Se um filho, perdesse os bens deixado pelos pais , essa felicidade seria menor, o morto seria menos feliz, teria uma vida menos boa. Ao conrário, se o filho enriquecesse então o morto teria a felicidade aumentada.
Assim, entende-se a diferença do que se pensava em termos do que era felicidade nos tempos gregos e a atual. Perdeu-se muito em termos de conceitos, em qualidade de existência. 
Hoje, não florescemos mais em todas as dimensões, porque estamos preocupados em apenas sentir, aproveitar intensamente o momento, como se tudo fosse fugaz. Não existe mais uma construção, um legado!

domingo, 11 de junho de 2017

VISÃO COMPARTILHADA

É muito fácil observar como a sociedade atual está dividida em diversos nichos, cada um buscando seus próprios objetivos.
Claro, que isso é positivo em muitos sentidos porque em tese, cada um de nós tem seus próprios interesses, seus talentos individuais , não somos iguais , apenas no sentido jurídico da Lei. E mesmo essa igualdade da lei é apenas discurso , visto que todos os dias exemplos se multiplicam de que, aqueles que detém maior poder econômico conseguem os melhores advogados e vencem suas batalhas com facilidade.
Assim, na questão das diferenças individuais, dentro de uma proposta liberal é plenamente lícito cada um buscar seus próprios objetivos. Por outro lado , quando precisamos de ação conjunta, em questões fundamentais da existência humana, permanecemos dentro dessa divisão constante o que impossibilita gerarmos correções em questões fundamentais para o ser humano. Talvez esteja nesse sentido, subentendido a máxima de Maquiavel " Dividir para reinar" que as grandes Corporações obrigam os governos e políticos fazerem para manter sua hegemonia.
Quando falo em questões fundamentais, poderia elencar por exemplo a questão do emprego, a fome, e a extrema desigualdade social. 
Esse não é uma preocupação de um comunista ou socialista, não me alinho a essas tendências ideológicas, mas uma preocupação de um ser humano que comunga os mesmos sentimentos de outros seres humanos.
De que maneira posso dormir com tranquilidade enquanto milhões de pessoas estão desempregadas, passando fome, morrendo nas filas dos hospitais... não é apenas uma questão de ingerência de políticos, de ideologias, mas é uma realidade que de certa forma, pede , de cada um de nós uma urgência.
Nesse momento em que atravessamos grave crise econômica, moral e ética não deveríamos ser coxinhas ou mortadelas,esquerda ou direita, certo ou errado, mas sim cada um de nós devia compartilhar a visão de um Brasil só.
Há uma história que quero usar para exemplificar o exposto acima. 
Séculos antes de Cristo , um escravo trácio deu muito trabalho ao império romano, na época a grande potência mundial. E Roma, com sua política expansionista havia criado um problema para si mesma: Ao escravizar os povos vencidos criou uma massa que a qualquer momento poderia se insurgir contra o Império
No caso de Spartacus e seus amigos foi exatamente isso que aconteceu.Munidos de facas, fugiram  e se acamparam próximo ao Monte Vesúvio , de onde por muitos anos produziram um movimento que importunou muitos os romanos. Diversas legiões foram enviadas contra os escravos, que venceram todas. Até que o Império mandou o general Pompeu com 12 mil homens.
A partir daqui a exposição parte para a lenda. Os escravos foram vencidos. Os generais  propõem a eles  as seguintes alternativas: "Vocês foram presos e o destino de um escravo preso é a crucificação. Mas o Império será benigno  lhes perdoará a todos, se disserem qual de vocês é o escravo Spartacus.
 Havia, segundo a lenda milhares de escravos.... Talvez naquele momento, alguns se entreolharam, hesitaram por um instante e um por um se levantou dizendo..... Eu sou Spartacus.... Eu sou Spatrtacus.... Até que todos os escravos , com a mesma visão responderam: Eu sou Spartacus.
Provavelmente o fim dessa história seja apenas lenda,quem sabe. Mas o mais importante é percebermos a força de um líder, de alguém que consegue mobilizar e inspirar em cada um o melhor de si mesmo, ao ponto de seu liderado se transformar no próprio Líder.
Precisamos dessa visão compartilhada em nossa família, no lugar do trabalho, nas igrejas, nos diversos ambientes sociais que vivemos. Precisamos de uma Visão compartilhada no País que produza uma sociedade um pouco mais Justa, mais humana . É claro, que jamais conseguiremos unanimidades, mas com certeza produziremos consensos!

domingo, 7 de maio de 2017

POR UMA ÉTICA E MORAL HUMANAS.

Falar sobre Ética no momento em que vivemos, parece não ser uma novidade, afinal muitos livros foram lançados sobre o assunto, a mídia tem trazido filósofos renomados para falar sobre a questão.
A palavra, em seu sentido etimológico vem de éthos , lugar, morada do Ser, então podemos compreender que ética é a maneira como  me relaciono com os outros dentro de uma reflexão que  permita criar convivência, respeito, alteridade.
Ética está além da Moral, porque o pensamento ético reflete sobre ela, se esta moral é adequada diante daquele contexto em que estamos inseridos. Deixo um exemplo:  A história de como Maomé salvou a vida de um homem.
Esse homem, perseguido por assassinos, pede ajuda ao profeta. O profeta, sentado à beira do caminho, orienta-o a continuar fugindo e muda de lugar, sentando-se em outra direção. Quando os assassinos chegam, eles sabem que o profeta só pode dizer a verdade e por isso lhe perguntam se viu o fugitivo. Maomé responde que, desde que está sentado ali, não viu passar ninguém. Os perseguidores acabam indo pelo caminho errado.
Se o profeta seguisse as regras morais sem pensar, ele teria de dizer a verdade, mesmo que a verdade tivesse como consequência a morte de uma pessoa inocente. Mas ele encontrou uma maneira esperta para cumprir a regra moral de dizer sempre a verdade e, ao mesmo tempo, ajudou o fugitivo.
Diante disso acredito que precisamos repensar o extremo moralismo religioso que vivemos em nossa sociedade, pois normalmente a maioria de nossos atos está baseado em conceitos morais inflexíveis, que não levam em conta, contextos e que acabam por gerar hipocrisia, visto que a maioria das pessoas não conseguem cumprir tais preceitos, gerando inconformismo, revolta e principalmente um certo sentimento de  impotência e descrédito , inclusive com religião, e outros com a própria crença em Deus. Assim, o filósofo alemão propôs a ideia de que Deus devia ser pensado como algo externo, que não se intromete em questões morais, afinal na ideia do pensador , como não conseguimos provar a existência da Divindade assim como a sua inexistência , a questão estaria fora de cogitação.
A partir daí propôs o que chamamos de imperativo categórico, uma lei universal que englobasse de forma radical o comportamento " Age de tal maneira, que essa tua ação pudesse ser tornada universal a todas as pessoas e em todos os tempos. Podemos exemplificar: Não devo mentir. Bem, posso aplicar essa regra a todas as pessoas do mundo? Sim, pois quando eu digo que ninguém deve mentir, crio um ambiente favorável a que todos digam a verdade e com isso teremos um maior entendimento de todas as coisas. E se eu colocasse como regra: Devo matar. Será que essa regra levada a cabo por todos os homens produziria algo positivo? Não, muito pelo contrário, apenas criaria caos sobre o mundo. Portanto a ideia do imperativo categórico é uma das perspectivas éticas mais importantes na história do pensamento humano. Por essa visão , devo agir pelo dever, e não por alguma motivação, ou sentido de recompensa. Mas ainda existe uma diferenciação entre agir pelo dever e conforme o dever. Para Kant , só existe valor ético na ação que é feita pelo dever, sem intenções, e não conforme o dever motivado por alguma recompensa ou resultado Um exemplo: Uma mãe ao ver seu filho se afogando salva-lhe a vida. Dentro da proposta kantiana, não houve valor moral porque no caso,existiu um motivo , pois era filho, havia vínculos. Uma ação pelo dever seria se, eu passando por um lago , observasse alguém se afogando, e sem ter motivo algum, a não ser meu dever moral, vou lá arriscando minha vida salvo o indivíduo.
Dessa maneira, acredito que seria possível nós seres humanos termos avançado nessas questões, pois temos base teórica, condições de executá-la, mas falta vontade política, e infelizmente a moral religiosa interessa aos governos porque a ética kantiana parte do pressuposto de uma boa vontade em um indivíduo autônomo, enquanto a moral religiosa prende o individuo em uma obediência cega, não dando-lhe autonomia e tornando-o presa fácil dos governos e mídias manipuladoras 

SOBRE O QUE PERMANECE

Tenho me debruçado sobre o livro Antifrágil,  do libanês Nicholas Tabeb a meses, afinal são mais de 700 páginas, algumas com muitas informações técnicas   e conceitos matemáticos que me são totalmente estranhos, além de sinceramente eu nunca ter gostado de Matemática.
No entanto, o livro vai além de tabelas e fórmulas, usando ideias antropológicas filosóficas, históricas e através dessa interdisciplinaridade, desse diálogo entre diversas perspectivas, cria-se de certa forma um conhecimento que se torna transdisciplinar.
Tem muita informação, que pouco a pouco irei escrevendo no blog, deixando claro que já fiz algumas postagens sobre o inicio  do livro onde  o autor define o que é  seria esse conceito de antifrágil. 
Uma ideia muito interessante que ele trabalha é a questão da iatrogenia, que trocando em miúdos seriam efeitos colaterais causados por intervenções, principalmente médicas em um organismo. Taleb cita diversos exemplos sobre isso ( não vou me alongar), mas o conceito também poderia ser usado em relação a intervenções dentro da economia, em sistemas políticos. Na visão dele, é preciso deixar o processo acontecer com o mínimo de ajustes possíveis, pois no caso do organismo existem leis naturais, existe uma "sabedoria" da Natureza, que em milhões de anos de tentativas e erros, construiu uma maneira muito mais prática, inteligente e eficiente de resolver problemas.
O intervencionismo muitas vezes parte de uma ideia arrogante dos seres humanos de acreditarem que podem saber mais do que a Mãe Natureza, o que seria impossível, pois estamos aqui a apenas alguns séculos, enquanto a Natureza opera a milhões de anos....
Em principio eu entendi essa ideia dele como se fossem, nas questões relativas a Política e economia, a famosa mão invisível de Adam Smith o lassez fire lassez passer, mas com o desenvolvimento da leitura vou compreendendo, dentro do meu entendimento que de fato ele acredita em uma liberdade de mercado , no entanto não em moldes do que poderíamos dizer   indiquem uma radicalidade, no sentido de que  que sim é preciso intervir, em casos extremos, onde se perceba que uma não intervenção possa acarretar acontecimentos graves. 
Explica que a maneira como os políticos, economistas, médicos, enfim profissionais nas diversas áreas de conhecimento  atuam favorece a fragilidade dos sistemas, quando o ideal é a antifragilidade
Assim, quando um economista atua dentro do mercado tentando evitar crises,  de certa forma está na verdade tornando o sistema frágil, o que acarretará no futuro situações muito mais constrangedoras do que , se a principio permitisse a situação se desenvolver de forma que em determinado momento as forças que criaram o conflito acabariam por encontrar elas mesmas os caminhos de solução.
Posso usar também o exemplo de mães que superprotegem as crianças de germes, impedindo o sistema imunológico de se fortalecer, e favorecendo no futuro que essa criança seja muito mais susceptível a infecções e doenças.
Uma questão interessante também é relativa a ideia de ausência de evidência não ser evidencia de ausência.
O fato de em um primeiro momento algo não parecer prejudicial, não quer dizer que não seja prejudicial. Não existir evidências de que uma pessoa não tenha matado alguém não quer dizer que ele não seja um assassino. Pode até ser.
Ele cita o exemplo da gordura trans, criada pelos especialistas para substituir a gordura animal, vista por eles como algo prejudicial a saúde. 
Demorou anos para aparecer as evidências de que aquele tipo de gorduras matava as pessoas.
Outro insight bem interessante que ele propõem é relativo aquilo que tem duração na sociedade e como essa duração está relacionada a qualidade que aquilo demonstra e portanto, possível de ser usado, ou no caso alimentar ingerido.
Na Cultura, cita os livros clássicos: República de Platão, livro com mais de 2000 anos e que permanecerá por mais tantos anos...a própria Bíblia, que sequestrada pelos religiosos é muito mais do que um mero compêndio religioso, mas um conjunto de textos, alguns filosóficos, como poéticos entre outros. 
Na alimentação, temos algumas frutas milenares, o vinho por exemplo, á água.....
Em contrapartida, que são os refrigerantes, as gorduras trans, o que é o livro da Bruna Surfistinha .... serão com certeza, esquecidos e abandonados em alguns anos.
Portanto Taleb é taxativo que só faz uso, e escolhe coisas, situações e alimentos que fazem parte de uma história e durabilidade que vem de séculos. Isso querendo dizer, na minha opinião que aquela durabilidade lhes concede qualidades que devem ser apropriadas por todos nós. 

SOBRE PRINCESAS E BEBADOS

Comum nos contos de fadas de antigamente, princesas buscando príncipes, encontrarem apenas sapos, muito embora alguns príncepes não merecessem esse título e muitos sapos ao contrário serem verdadeiros príncepes
Geralmente o pobre coitado havia sido vítima de uma bruxa, ou feiticeira que por vingança ou inveja lhe impusera uma maldição e como única forma de se livrar daquele feitiço, seria preciso o beijo puro de uma princesa.
Convenhamos que seria muito difícil alguma bela donzela ter a coragem de beijar um repugnante sapo, mesmo acreditando que esse seria, automaticamente transformado em um belo jovem e com ela casaria e seriam felizes para sempre.
Mas como em contos de fadas tudo é possível, a princesa tomada de belos sentimentos assim procedia ... e num passe de mágica ocorria a transformação.
Os tempos mudaram, as mocinhas não acreditam mais em príncipes encantados, embora algumas insistam em esperar que um deles apareça num lindo cavalo branco e a tomando nos braços a leve para um reino de amor e felicidade.
E quer saber... algumas preferem mesmo os sapos, os ogros ( vejam o caso da Fiona) porque os príncipes almofadinhas só querem uma mulher para servi-los , cuidar deles e de sua prole e para serem simples donas de casa.
Usei toda essa metáfora para falar sobre algo que senti ontem, ao ver o casamento de uma "princesa com um bêbado". Fato ,a história daqueles jovens foi mais ou menos assim: Conheceram-se em uma festa de fantasia... Ela vestida de princesa, toda bela, ingênua, quem sabe a procura do olhar perdido de um..... bêbado. Sim o seu futuro namorado e  marido estava fantasiado de bêbado e aquele bêbado, com argumentos românticos a conquistou para um primeiro encontro que se consolidou aquela noite em que, novamente ela, de princesa e ele, como um qualquer  estavam diante de um mestre de cerimônia prontos a selarem com uma aliança uma relação, que pelas juras de amor seria eterna.
Fiquei meditando: Como as coisas estão mudando: Anos atrás seria impensável uma  mulher  em uma festa de fantasias, deixar-se arrebatar por um bêbado, simbolo de alguém sem valor, sem futuro, sem consideração nenhuma.... Quem sabe os esteriótipos  já não façam tanto sentido... 
Talvez seja porque essa mulher, se cansou de esperar por príncipes, ou mesmo tenha se desiludido com muitos deles..... nesses casos, a realidade falou mais alto, e quem sabe esse "bêbado" não lhe possa dar tanta segurança , status, mas lhe permita encontrar a felicidade ao lado de um homem que a respeite, que a ame e que lhe seja fiel!

SER FELIZ É TAMBÉM FAZER ALGUÉM FELIZ

O mundo atual tem uma aversão pela dor e a morte ao ponto de em muitos casos até ignorá las, o que não acontecia em tempos mais antigos.
Sociedades diferentes em diferentes tempos lidaram com a questão da morte e felicidade sob outras perspectivas.
Tanto os egipcios  como outros povos valorizavam muito a questão da morte, alguns estoicos por exemplo diziam que era preciso aprender a morrer todos os dias. O filósofo indiano Krishnamurti nos ensina em seus livros que morremos DIARIAMENTE, afinal não somos mais a criança nem o jovem de outrora. O que fomos hoje , amanhã não seremos, o que vivemos ontem , não será mais vivido, as próprias células do nosso corpo morrem COTIDIANAMENTE. 
Na questão da dor, o próprio Cristianismo valorizou bastante aqueles santos que sofriam, que seria motivo de júbilo e alegria serem perseguidos e maltratados por amor a Cristo.
A felicidade na época era servir a Deus, a missão de levar o Evangelho, a honra de morrer em nome daquilo que se acreditava. 
Já na Grécia Antiga, ser feliz era ter um gênio bom, era desenvolver as virtudes, encontrar o seu lugar e o sentido dentro do Cosmo organizado.
É claro que os conceitos e ideias vão mudando de acordo com a evolução da sociedade, ou mesmo com a sua "involução".
Nos dias atuais, assistimos a uma ditadura da Felicidade e do prazer, mas tudo numa relação muito individual, pouco se importante com o que os outros vivem ou sentem. O que importa mesmo é ser feliz.  
Não que eu seja muito diferente disso, porque afinal de contas somos de certa forma, filhos de nosso tempo, condicionados por fatores, por opiniões por ideologias e por formas de ver e viver a vida, que refletem os valores da sociedade em que vivemos.
No entanto, dia desses tive uma experiência encantadora, pois minha esposa num gesto muito nobre deu a ideia de levarmos um menino, vizinho nosso que comemoraria 8 anos e que nunca tinha ido ao cinema.
Conversando com o pai do garoto, escolhemos um dia e com a autorização do mesmo levamos o menino para assistir a um filme. 
Foi uma tarde muito agradável, principalmente ouvindo as gargalhadas, vendo a empolgação, percebendo nos olhos daquela criança uma vivacidade, uma alegria, uma espontaneidade marcantes.
Enquanto assistia ao filme e escutava suas gargalhadas, algo dentro de mim se alegrou também: Pensei comigo..... como é simples fazer alguém feliz. E melhor ainda fazer uma CRIANÇA FELIZ! NÃO TEM PREÇO!

A DIGNIDADE HUMANA COMO ATRIBUTO

Estamos acostumados a ouvir que temos muitos direitos e que igualmente junto com eles estão os nossos deveres.
Claro que diante da ideia do principio do prazer preferimos muito mais os direitos do que os deveres, que estariam mais relacionados ao principio da realidade
Sabemos também, por experiência própria que, apesar de termos esses direitos garantidos até mesmo em nossa Lei maior, a Constituição, muitos deles ainda fazem parte dos discursos políticos e estão delineados em papel delicado frágil e que invariavelmente é rasgado pelos políticos e governantes.
Direitos não nascem prontos, nem nos são dados, antes é preciso conquistá-los e alguns, a custa do suor e sangue de muitas pessoas, o que deveria aumentar a nossa consciência de que as responsabilidades aumentam sobremaneira.
A dignidade humana seria um desses direitos? Afinal no inicio da nossa Carta Magna é informado que o Estado deveria zelar  pela dignidade da pessoa humana.
A interpretação de muitos especialistas de Direito Constitucional argumenta que Dignidade da pessoa Humana não é um mero direito , é antes de tudo um ATRIBUTO e que portanto nossa Lei não cria esse Direito, antes o defende como ATRIBUTO MAIOR sobre o qual estariam inseridos os Direitos civis, sociais econômicos e ambientais.
Kant , que foi um dos precursores dessa noção de dignidade humana nos diz que em hipótese alguma esse atributo pode ser negado ao cidadão, e de forma alguma , principalmente quando o homem é usado como MEIO para se alcançar um FIM.
Diante disso, e ao observarmos a maneira como a sociedade está organizada, começamos a entender que as coisas não caminharam da melhor maneira possível.
Apesar de termos direitos internacionais, de a Constituição preconizar em suas páginas, a dignidade humana é simplesmente ignorada em quase todos os âmbitos da sociedade.
Somos, na maioria das vezes usados pela Mídia, pelos sistema econômico, que quer das pessoas apenas seu trabalho, que usa o indivíduo no vigor de suas forças, de um Estado que nos empobrece com impostos e o que recebemos de volta? Péssimos serviços. 
E ainda na velhice, sugados, como bagaços, somos lançados fora, infelizmente uma triste realidade vivida por mais da metade da população mundial.
E pensamos: Qual o motivo de existirem as Leis, não seria para tornar a vida das pessoas mais harmônica? No entanto a Lei, embora no discurso seja a intenção de promover a Igualdade, consolida a desigualdade  a coisificação do ser humano, relegado a mercadoria.
Perdemos nossos direitos e também nossa DIGINIDADE!  l

UMA PAZ POSSÍVEL

Parece loucura falarmos sobre a paz em tempos atuais, muito embora eu entenda que desde que o homem começou a habitar nesse Planeta , sempre houve a guerra.
É claro que as guerras antigas não tem de forma alguma, o padrão nem o alcance das atuais, visto que antigamente os homens se digladiavam com paus e pedras.
No entanto, as tensões eram locais; desde  a Antiguidade e a Idade Média, nenhum conflito de dimensões globais havia ocorrido.
No entanto, me parece que se de certa forma a Idade Média foi considerada por muitos autores um Período de trevas, o que dizer então dos primeiros cinquenta anos do século vinte, onde tivemos as duas guerras mundiais que dizimaram milhões e deixaram outros milhões, deformados no corpo e na alma?
Certamente que não é meu objetivo nesse espaço, não agora pelo menos, fazer uma análise dos motivos que levaram o ser humano a se perder em um labirinto de destruição e violência ao qual se lançou durante metade do século 20.
Antes, promover uma discussão  se seria possível, diante da atual situação em que estamos vivendo postular uma Paz nos moldes do pensamento do filósofo alemão Kant.
O pensador  tem um texto intitulado a Paz Perpetua onde coloca suas opiniões sobre a forma que o homem evoluiria para uma sociedade pacífica.
Dentre as suas muitas propostas, estariam conceber o Estado, organizado como República, com representação dos cidadãos. Uma República onde não haveria um mero Poder patrimonialista, pois segundo Kant era esse um dos problemas que levava esse Estado a se tornar belicoso, mas antes um Estado Moral, um aparelho estatal que estivesse alinhado com seus cidadãos.
Igualmente seria preciso que  houvesse respeito aos demais povos ,no sentido de não intervenção nas questões particulares de cada País, e que esse Estado também não aumentasse por demais sua dívida pública.
E por fim, a criação de uma Federação, de uma instituição internacional que servisse de mediadora entre os conflitos existentes entre as diversas Nações oferecendo soluções pacíficas para conflitos que pudessem transformar-se em guerras.
Posto o que se lê acima, podemos nos convencer sem muitos argumentos de que a proposta kantiana embora plausível, merecedora de confiança , não se concretizou.
Temos assistido os recentes episódios envolvendo Nações desenvolvidas, se intrometendo na Política externa e econômica de diversos Países menores, sob o discurso de estar defendendo a democracia.
A maioria dos Países permanece como Estado que se arroga ao direito de se expandir , as vezes fora de todo um contexto, elevando sua dívida pública e comprometendo as gerações futuras.
Por outro lado, a ONU que teria sido uma atitude ousada das Nações depois de 1945, imbuídos do desejo de mudança e de que não ocorressem mais guerras como as anteriores mostrou-se na prática  um grande fracasso.
E assistimos, inconformados a crescentes tensões pelo mundo afora, configurando-se no horizonte, novas guerras e destruições. 
Até quando?

domingo, 9 de abril de 2017

MUITAS POSSIBILIDADES....MAS SEM RECEITAS PRONTAS

A vida boa sempre foi uma discussão em Filosofia. Desde a época de filósofos como Sócrates e Platão havia o desejo de felicidade que  era conhecida pela palavra eudaimonia.
Na visão socrática e platônica a boa vida exigia uma reflexão e uma análise profunda sobre a Vida e seus fundamentos. Assim , por exemplo para sermos felizes teríamos que entender o que queremos dizer com o conceito de felicidade. Se queremos ter amigos sinceros, o que seria a amizade... e  em sequência os conceitos de Amor, Verdade, Igualdade, Justiça, seguiriam o mesmo processo de exame.
Dessa forma deveriam existir critérios que pudessem ser elencados, de maneira que eu conseguiria perceber particularidades comuns entre os conceitos e assim eleger o que de fato significariam eles.
Poderiamos eleger como critério de amizade, o fato de alguém ter omitido uma informação a respeito de um comportamento  nosso, comportamento esse imoral, como por exemplo ter inventado uma mentira a fim de almejar algum benefício. Mas esse pretenso amigo, fazer vista grossa a um erro seu, não estaria a longo prazo impedindo uma formação ética mais consistente da sua personalidade? Teria sido, ele de fato amigo?

No amor, poderíamos exemplificar  a atitude de um pai, que por cuidado não permite ao filho se divertir, sair com amigos, conhecer coisas novas..... Seria esse um critério para definir amor, ou ao invés disso o que vemos aqui é um excesso de proteção que a longo prazo, irá podar estruturas individuais de seu filho importantes para a vida em sociedade?
No quesito Verdade podemos supor que essa seria uma concepção ligada ao conceito cristão, e que portanto a única verdade é aquela dada por Deus, que tem essas premissas escritas na Bíblia. Mas nem todos são cristãos, nem todos entendem a Bíblia como sendo um livro de verdades eternas.
Assim, vamos percebendo que as coisas não são tão simples como aparentemente possam parecer, e seria preciso uma outra maneira de perceber a validade dos conceitos.
Platão e Sócrates  sugerem que em tudo que vivemos existem essências, ou seja particularidades  que definem o que algo é. 
No entanto essas essências só poderiam ser percebidas pelo uso da Razão, pelo pensamento, pela abstração. Visualizamos assim a Teoria das Ideias de Platão, onde haveria um mundo das essências. Nesse mundo vemos as coisas como cópias imperfeitas. Temos um cavalo, sabemos como é, mas vemos na verdade uma cópia desse cavalo. A idéia de cavalo, sua essência perfeita está em uma região acessível apenas pelo pensamento, o Mundo das Ideias.
Assim seria também com os conceitos Amor, Verdade, Beleza, Justiça e outros. As suas essências estão no mundo das Formas Perfeitas.
Platão e Sócrates vão além. Dizem que nós já tivemos acesso a esse lugar, no entanto nos esquecemos. A a alma antes de vir para o corpo habitou nas Essências e as contemplou. Tem dentro de sua mente, sua alma, as imagens ali guardadas apenas como reminiscências.
A missão do filósofo seria exatamente trazer novamente para a realidade o que está dentro do individuo. E Sócrates fazia isso muito bem quando, duvidava e indagava as pessoas nas ruas de Atenas. 

A DESORDEM MUNDIAL

Como todo brasileiro tenho acompanhado e vivido intensamente todo esse turbilhão de tendências e mudanças ocorridas no Brasil nesses últimos três anos. Vivenciamos a eleição de Dilma Rouseff já antecipando que teríamos tempos difíceis. Ninguem precisaria ser vidente para entender que o governo petista sofreria forte  oposição, primeiro por parte do empresariado, depois de políticos e pensadores neoliberais, além de uma classe média que se importa muito mais em consumir do que propriamente com a formação de uma sociedade mais justa.
Não podemos negar também que toda essa desestabilização ocorrida no país, tanto na economia como no mundo político teve a participação de agentes externos, o que nos leva invariavelmente aos Estados Unidos. Isso não tem nada a ver com "teorias da conspiração" São fatos comprovados, que o cientista político brasileiro, talvez um dos mais importantes, Luis Alberto Muniz Bandeira, traça em seu livro Desordem Mundial.
Com farta documentação e pesquisa Muniz Bandeira constata algo que todos nós de certo já desconfiávamos: Os Estados Unidos com sua máquina ideológica desestabiliza Países, economias, a fim de manter seu poderio militar, financeiro e ideológico. É o espectro da dominação global.
Não estão  muito longe os acontecimentos da Primavera Árabe, iniciadas primeiramente na Tunísia e que se alastraram pelo mundo árabe. Fruto de contradições socioeconômicas profundas, os acontecimentos teriam sido também , influenciados e financiados pelos Eua, , em funçaõ da posição estratégica de muitos países árabes e principalmente por questões ligadas estritamente ao petróleo. 
Podemos citar como pano de fundo um livro do intelectual americano Gene Sharp Da ditadura a democracisa, onde são traçados métodos de protestos não violentos que teriam por base desestabilizar governos, oferecendo caos e confusão, situações propícias para que então oposições financiadas, conseguissem promover mudanças com o beneplácito da população.
Assim estamos diante de grandes desafios: Como contrapor, através de uma resistência possível novas maneiras de se pensar um País, uma sociedade, quando o mundo está sendo dominado pela ditadura do capital? Como poderemos nos organizar em face de tão poderoso inimigo?

domingo, 2 de abril de 2017

O PERU DA CEIA

Há alguns anos me deparei com um autor, até antes desconhecido. Trata-se de Nassim Taleb, um libanês, escritor e que tem como profissão arriscar dinheiro na Bolsa de Valores. Ficou milionário com isso, e com o fato de que teria previsto a grande crise americana de 2008.
Dentre seus livros mais famosos estão a Lógica do Cisne Negro e Antifrágil. O primeiro nos ensina que a maioria das pessoas vive na mediocridade, e que o poucos são aqueles que conseguem estar acima da média, onde realmente acontecem as coisas importantes. E  apesar de que existem estudiosos que tentam de todas as maneiras seja através da Matemática , ou mesmo de outros que acabam por embarcar do misticismo, ainda assim todas essas tentativas são em vão, porque acontecimentos fora da média, acontecimentos extraordinários ocorrem aleatoriamente e não temos na atualidade condições de prevê-los. A esses acontecimentos Nassim Taleb coloca o nome de Cisnes Negros. UM exemplo de Cisne Negros recente teria sido os atentados das Torres Gêmeas.
Seu outro livro Antifrágil talvez possa ser visto como um complemento ao anterior, nos mostrando que apesar de os Cisnes Negros serem eventos que não podem ser previstos, é possível pelo menos se preparar para eles.
E esse preparo exige uma qualidade raríssima e pouco compreendida, muitas vezes confundida com outras. Chama se antifragilidade. Esse é um conceito que se confunde com resiliência, mas apesar de parecidos não são iguais, visto que a resiliência é a capacidade de um organismo em resistir a fortes impactos, sem no entanto se quebrar, permanecendo intacto. No entanto, apesar de uma qualidade positiva a resiliência não consegue aprender com o ocorrido e atualizar-se. É o que acontece com a antifragilidade, que além de resistir aos impactos dos acontecimentos, ainda se atualiza, aprende com a situação e em um próximo confronto terá uma vantagem estratégica.
Um exemplo bastante prático de antifragilidade seria nosso sistema imunológico que ao ser atacado , consegue aprender com a situação, guarda na memória biológica o que lhe adveio, e em uma próxima aproximação com virus e bactérias, terá uma resposta muito mais positiva.
Lendo Taleb me descobri frágil, que é o contrário da antifragilidade. Por ter apenas uma profissão, professor,  apenas uma renda estou a mercê de toda a aleatoriedade e instabilidade da economia brasileira. Estou me sentindo como aquele peru,( que Taleb usa como exemplo) que todos os dias recebe do dono da granja sua ração diária. Assim passam se os dias e o peru, tem certeza de que seu dono sempre irá alimentá-lo. E assim acontece até o dia 24 de dezembro. Naquele dia, para o peru nada é novo. Da mesma maneira sua expectativa é de que, a qualquer momento seu amigo venha alimentá-lo. Mas não é isso o que irá ocorrer. Naquele fatídico dia 24, o peru será a refeição. 
A diferença é que a leitura de Taleb, me fez perceber que sou a próxima vítima antes da ceia de Natal, mas me parece que isso me ajuda pouco, pois não consigo encontrar uma solução para o atual momento em que estou vivendo em minha carreira e vida econômica.

SOBREVIVENDO

Já me questionei por diversas vezes, se de fato em algum momento eu tive uma experiência verdadeira de estar vivo, não no sentido biológico, mas de realmente aproveitar o que a Vida nos oferece enquanto vivências verdadeiras, que brotam do fundo de nossa alma, e não simplesmente uma reação a estímulos consumistas, a modelos de vida que nos são impostos pela sociedade.
Por inúmeras vezes enxergo a vida do cidadão comum no Brasil, como aquela vida dos servos da Idade Média, cujo maior prazer eram as festas religiosas, onde poderia quem sabe, dançar, conhecer mais pessoas interagir , enfim sentir- se alguém por alguns momentos.
Aqui no meu bairro Parque São Bento em Sorocaba SP. a maior diversão das pessoas é ir ao culto aos domingos. Porque na Igreja se apresentam peças teatrais,  danças, coreografias, exibições diversas, além das festas por diferentes motivos.
É claro que tudo pelo viés religioso, 
Talvez o mais acessível economicamente seja o cinema, onde consigo ir algumas vezes durante o mês. Ou seja, um professor formado, concursado, com inúmeros cursos de atualização que está a dezoito anos na rede pública, consegue apenas ir ao cinema com o salário que recebe. Desanimador Isso é muito entediante, porque a gente fica impregnado com uma visão de mundo tão pequena, e que apesar de tantos livros que se lê, e que nos dão a dimensão do que é o mundo, as diversas culturas e riqueza dessa Cultura, temos quase sempre a visão apenas de uma : A visão cristã.
Isso está se tornando comum no País, onde em cada esquina existe uma denominação religiosa, e onde de acordo com muitas pesquisas em alguns anos seremos não mais uma nação de católicos mas de evangélicos.
O mais inquietante disso é que o Estado que deveria ser laico, está também sendo invadido pela religião, haja visto a bancada evangélica que domina amplos setores no Congresso, fazendo cultos evangélicos em secretarias e departamentos do Governo, além da concessão de inúmeras redes de televisão e rádio para que os pastores possam doutrinar seus membros.
Sou cristão, mas não concordo com essa homogenização da sociedade. Acredito no poder do Cristianismo, mas também na cultura clássica, secular, na filosofia, nas Artes, na Música também como poderes transformadores das atitudes humanas.
Me sinto angustiado em ter que partilhar valores que não são os meus valores, embora os respeite e acredite que muitos deles ainda são importantes dentro de nossa Cultura.
Prefiro eleger a Ética e a Filosofia como norteadores do agir humano em sociedade, deixando para a Igreja, dentro do seu contexto a criação de regras morais de conduta.
Me sinto sobrevivendo, dentro de um sistema engessado pela religião, que quer impor verdades, que exige comportamentos, que prioriza controlar ações , e até mesmo ideias.
Vivemos momentos tristes na atualidade, momentos de pobreza intelectual moral e ética.

sábado, 18 de março de 2017

ANTIFRÁGIL

Um dos temas mais comentados na mídia recentemente é o conceito de resiliência. É uma ideia retirada da Física, pois está relacionada a  como alguns corpos resistem a adversidades sem no entanto perder suas propriedades. 
Trazendo para a psiquê humana, podemos dizer que resiliência é a capacidade que todo ser humano tem de conseguir superar grandes adversidades, e assim mesmo se manter firmes . 
Assim somos ensinados e orientados a resistir, a criar em nós mecanismos que fortalecem nosso sistema mental de maneira a nos tornarmos capazes de enfrentar os problemas e as crises. Usam com frequência a frase do filósofo Nietzsche " O que não me mata, me torna mais forte"
De outro lado temos a noção de frágil, como por exemplo um vaso de porcelana, onde qualquer vento, ou um toque desproporcional, fará com que o mesmo venha ao chão e se quebre em muitos pedaços.
Assim, qual seria o contrário de frágil? Alguns poderiam argumentar: Robusto, resiliente.
Para Nassim Taleb escritor libanês que ficou milionário investindo em ações na Bolsa e que atualmente trabalha como operador de mercados, a história não é bem essa.
Para esse autor, o contrário de frágil não seria robusto ou resiliente, pois apesar de entender que esses sistemas demonstram resistência em relação a danos a aleatoriedade e a volatilidade. são sistemas que não se atualizam, não melhoram com as crises. Simplesmente resistem.
A definição para aquilo que é capaz de superar-se, desenvolver-se e aprender com as dificuldades é a antifragilidade, o antifrágil.
Taleb cita exemplos de antifragilidade como o sistema imunológico. Sabemos que ao ser atacado o corpo humano recruta milhões de anticorpos que tem a função de defesa contra os agentes infecciosos. Nesse combate muitos anticorpos morrem, mas acontece algo surpreendente. Aqueles que sobrevivem conseguem aprender com o vírus e a bactéria e aprimoram as respostas de todo o sistema. Em uma próxima invasão a memória  celular apreendida , conseguirá dar respostas muito mais positivas.
Podemos citar também como sistema antifrágil a seleção natural, a lei da Evolução na Natureza. Por tentativa e erro, a seleção natural vai ajustando os organismo e aprendendo as melhores formas de se gerar e perpetuar a Vida
Sistemas de aviação são também antifrágil, porque cada vez que um avião cai , melhoram-se os processos e os vôos vão ficando cada vez mais seguros.
Para o escritor nossa sociedade é frágil e continua a investir nessa fragilidade tentando investigar e planejar tudo, como se fosse possível compreender a aleatoriedade e a volatilidade. Na visão do autor isso não é possível e o máximo que podemos fazer é tentar criar mecanismos tanto na nossa sociedade como individualmente que atualizem forças e provoquem mudanças positivas a cada encontro com a adversidade e acaso.

Assim, a grande vantagem não é ser somente resiliente, ou robusto, mas sim ser antifrágil, e reverter as adversidades a nosso favor!

VIVENDO DE ACASOS!

Não sei se vocês sentem o mesmo, mas por diversas vezes "algo dentro de mim intui" que nem tudo é do jeito que acreditamos. 
Falando de outra maneira, apesar de percebermos que nosso ambiente é organizado, tem certa ordem, que vivemos em sociedade, vamos a escola, aprendemos a ser racionais, a 
planejar  oque queremos fazer, ainda assim há momentos em que parece que a equação não fecha.
A maioria dos seres humanos acredita em um mundo DETERMINISTA e isso fica claro quando pesquisamos e as pesquisas nos informam que mais de  2 bilhões  creem em um Deus que comanda o Universo, além de 1,6 milhões de muçulmanos e 99 milhões de indianos com suas crenças diferentes mas também deterministas.
Mas eu não me refiro a forças espirituais a deuses comandando nosso mundo ou ao destino. Prefiro dizer que seria o ACASO. Mas um acaso que tem leis próprias, e bem consistentes e que de certa forma rearranja as situações de modo a criar os eventos e fatos desse mundo.
Alguns poderiam ponderar que então nesse caso, eu apenas mudei o nome daquilo que acredito , que não sendo um Deus, ou o destino seria o ACASO e que para as situações e eventos aconteceram por força e obra desse acaso, essa mesma força teria que ter os mesmos poderes que o Deus cristão.
Talvez seja esse o argumento bastante utilizado por muitos no que tange a questão da criação do nosso mundo. Para os cientistas , foi assim que aconteceu a formação do Universo e a Vida. ACASO.  Seria como colocar açúcar, ovo, farinha, leite, fermento dentro de um recipiente, colocar no porta-malas do carro,, sair dar uma volta e quando abrirmos a porta, o bolo terá se formado?
No entanto ,podemos observar que a própria formação da Vida, segue regras ditadas pela Natureza. São regras de tentativa e erro. Uma das regras mais conhecidas é a SELEÇÃO NATURAL. Por essa lei entendemos que a Natureza faz seus ensaios e diante de tentativas e erros vai equilibrando o que dá certo e descartando o que dá errado, chegando a determinado momento em que  consiga sua melhor performance, até que dada situações de ambiente e adversidades, recomecem todo o processo.
É claro que existem evidências bem documentadas da atuação da SELEÇÃO NATURAL  o que a torna uma teoria cientifica consolidada, e portanto possível de ser usada como argumento em prol de ideias como a formação da vida por tentativa e erro, por melhorias constantes até  o seu melhor modelo.
O mesmo não podemos dizer da ideia determinista de Deus, ou do destino ,criando a realidade. Nessa posição o que nos resta é a Fé, a crença de que aconteceu de acordo como os registros nos livros sagrados de cada religião afirma. Acredito que a melhor maneira de se conviver com essas dualidades é manter um pensamento por hipóteses, não ideias dogmáticas, deixando em aberto o que seria o CONHECIMENTO DO QUE REALMENTE OCORRE. 



HÁ DE SE CUIDAR DO BROTO!

" Há de se cuidar do broto, pra que a vida, nos dê flor e fruto" Esse é um trecho de uma das músicas mais lindas, muito executadas na década de 80.
Vivíamos um momento importante no País onde uma ditadura de mais de 20 anos , havia deformado a vida política e social da Nação. Estava na hora de mudar, de virar a página e a sociedade civil, alinhada com políticos de uma índole menos primitiva  e predadora que a atual, buscava novas respostas e soluções. 
Não conseguimos as eleições diretas, inclusive o movimento das Diretas já fracassou na prática, embora tenha levado milhões as ruas. 
 E assim tivemos que suportar Sarney e Collor antes de, movidos pelo sonho e esperança, vottarmos em um Presidente que realmente representava os anseios do povo, visto ele, ser do povo. 
Era assim que a maioria de nós pensávamos e foi com muita tristeza perceber que depois de quase 15 anos de governo petista, nossos sonhos foram estraçalhados.
Houve algumas mudanças, o salário mínimo cresceu, pessoas abaixo da linha de pobreza conseguiram entrar no mercado de consumo, as políticas afirmativas cresceram, foram criados programas sociais que beneficiaram famílias pobres, na educação muitos estudantes foram beneficiados com a criação do FIES E DO PROUNI. Iniciou-se o projeto da Transposição do São Francisco, para levar água para as famílias de regiões da seca. Também não podemos deixar de lembrar que nos anos onde LULA governou, favorecido por um ambiente econômico internacional tranquilo, a inflação subiu pouco, o País cresceu, embora timidamente.
No entanto as grandes questões do País permaneceram intocáveis. Reformas importantes como a política, a Fiscal e da Previdência foram empurradas com a barriga. A Infraestrutura do País em relação a portos, estradas, ferrovias e hidrovias pouco se desenvolveu. A economia , apesar de apresentar um equilíbrio permanecia com os mesmos vícios com juros altíssimos, gasto excessivo do governo, impostos demais, enfim velhos problemas que foram pouco "tocados" na administração petista.
O dragão da inflação fora domado, já na época do Plano Real, mas um outro monstro muito mais cruel estava surgindo e mostrando suas garras: A CORRUPÇAO.
Hoje, percebemos que assim como Milton Nascimento cantava nos anos 80, deixamos de cuidar do BROTO. E esse broto simboliza a tênue democracia em que fomos inseridos naquele meio de década. 
Churchil primeiro ministro inglês dizia que " a democracia é um dos piores regimes  de governo, excetuando-se todos os outros. " Ou seja, é o que temos de menos mal, o mal menor, e por isso precisamos cuidar desse broto, dessa democracia frágil, porque há regimes piores. O que se percebe é que a sociedade como um todo participa muito pouco e que nos tornamos individualistas, cada um por si. De outro lado, entende-se a desilusão do povo, deixando de votar e inclusive não participando por perceber que essa participação é pouco eficiente. Mesmo entendendo que esses comportamentos são totalmente aceitáveis e previsíveis, precisamos insistir, renovar nossas forças e continuar tentando insistindo porque um dia chegamos lá!

sábado, 28 de janeiro de 2017

UM CAMINHO EM OITO ATITUDES




Viver nesse mundo exige grande discernimento para tentar compreender o que podemos ou não levar a sério no quesito desenvolvimento pessoal. Há muitas teorias, milhares de livros de autoajuda, diversas religiões, todas em sua maioria tentando te convencer que tem as respostas para suas dúvidas e anseios.
Particularmente conheço bastante o Cristianismo, e em seus escritos temos igualmente o mesmo processo de "fisgar" o ser humano para sua maneira de ser e modelo de mundo.
Procuro "navegar" em diversas formas de enxergar a existência, sem me ater especificamente a nenhuma delas. Entendo, que podemos usar os diversos ensinamentos como ferramentas de crescimento pessoal, e esse processo de não se ater a nada, nos dá mais flexibilidade diante de questões importantes da vida.
Gosto particularmente de um conceito budista chamado o Caminho Óctuplo. Caminho, porque processo, é óctuplo no sentido em que entendo, pois não sou versado na doutrina budista, tendo apenas uma formação básica que adquiri através de leituras e pesquisas na WEB, que são necessárias oito atitudes ou princípios a fim de que consigamos uma forma equilibrada de existência.
A primeira atitude, é COMPREENSÃO CORRETA e a partir disso percebemos a importância em termos uma visão e uma percepção clara do mundo, das idéias, em entender o que estamos vendo. E esse entendimento passa pela compreensão que em um primeiro momento temos a sensação das coisas, que nos são passadas pelos nossos cinco sentidos . Já ai com certeza ocorrem modificações nessas sensações, que depois são percebidas e organizadas pela faculdade de PERCEPÇÃO. A percepção organizará todas essas sensações através de filtros, que são nossas crenças, nossos valores e a partir dai o processo se refina, sendo essas informações enviadas a diversas áreas cerebrais a fim de serem processadas e a partir daí consigamos criar um pensamento.
E a segunda atitude, é o PENSAMENTO CORRETO. Posto que eu compreenda a maneira como são formadas as sensações, percepções, os diversos filtros e processamentos, esse se percebe ,construção de uma série de fatores e que ele não é exatamente a realidade do mundo, mas representação daquilo que o cérebro acredita ser a Vida. Essa compreensão forma um pensamento correto, alinhado com a certeza de suas limitações e de suas capacidades.
Adentrando pelo caminho,, temos por conseguinte uma FALA CORRETA.
Na medida que entendemos do que são formados os pensamentos e sua importância para as nossa vidas, sabemos que a fala estará adequada aquilo que entendemos ser a maneira correta de se expressar, pois acreditamos que o pensamento é a expressão em imagens  de nossas percepções e sendo essas imagens  adequadas a tudo aquilo que processamos, logo nossa fala estará alinhada dentro de todo o processo.

Entendemos por isso, que será preciso sempre uma AÇÃO CORRETA, ou seja, uma maneira eficiente e produtiva de estar no mundo, procurando viver em sintonia com o Todo.

Diante dessa estrutura formada, onde sensação, percepção, pensamento , e linguagem  e Ação estão alinhados, surge até, posso dizer espontaneamente , uma maneira de ser e agir corretos, ou  MODO DE VIDA CORRETO. Quando compreendemos o sentido profundo da Vida, suas inter relações com o Todo, o Sagrado da vida Humana , certamente iremos praticar profissões 
adequadas ao nosso sentido de existência e esses afazeres da mesma forma, irão produzir uma regeneração na sociedade.
Importante aprofundando a caminhada  e mantermos UM ESFORÇO CORRETO E CONSCIENTE, em percorrer todo esse caminho se adequando a todos esses preceitos. Isso exige disciplina e coordenação de todos os valores que anteriormente falamos e com isso nos esforçarmos em uma boa prática de vida.
ATENÇÃO CONSCIENTE a fim de que sejamos perceptíveis a nosso processo mental, a nossa maneira de ser e agir, desenvolvimento de autoconhecimento.
E por fim, finalizando as oito práticas ou ATITUDES, temos a CONCENTRAÇÃO PLENA, que é nossa capacidade de manter o foco naquilo que será importante ao nosso desenvolvimento como pessoas.
Escrevi esse pequeno texto, pensando exatamente em usar esse conhecimento não como uma busca pela Iluminação, que seria especificamente o objetivo da prática budista, mas em um recurso que melhore nossa espiritualidade e a nossa vida diária!

domingo, 8 de janeiro de 2017

A ARTE A COMPAIXÃO E A ASCESE








Me referi  em um post anterior sobre a experiência que tive ao ler Schopenhauer pela primeira vez. O mundo como Vontade e representação me deixou um vazio no estômago. Era muito jovem, estava bastante confuso, procurava respostas que a religião não me dera. A sensação foi muito ruim ,abandonei totalmente o filósofo, entendendo ser muito negativo.
Anos depois, mais estruturado, fortalecido pelas vivências retornei a mesma leitura  e posso dizer que não me arrependi.
Schopenhauer , apesar de sua extrema crueza, de mostrar a vida como ela é, e isso nos incomoda, porque muitas vezes somos criados a enxergar um mundo possível, repleto de ideologias e fantasias e de repente como um soco no estômago somos apresentados para um outro mundo, também possível e sinceramente bem mais real, do que antes criamos, apresenta também soluções, ou saídas.
O mundo é Vontade, não a boa vontade de Kant, mas uma Vontade cega, que anseia por viver, por subsistir, mesmo entendendo que esse existir provoca na maioria das vezes intenso sofrimento. E essa ânsia por existir por ter a precedência está embutida em cada ser, em cada inseto, bactéria, vírus, plantas, animais e seres humanos. É o conatos de Espinosa, essa sede por se afirmar que toda a vida tem. Esse mundo também é representação, e isso ele empresta de Kant, ou seja, só podemos ver o fenômeno , o que nossos sentidos nos trazem e jamais a coisa em si.
Sendo cega, entende-se que não existe um objetivo na Vida, não há uma teleologia, um propósito, tudo acontece como um grande turbilhão que nos arrasta de um lado a outro da existência.
Confesso, que apesar de reconhecer que existem algumas ilhas, onde aparentemente permanece uma certa ordem, racionalidade, na maioria esse mundo é uma grande confusão, um entrelaçamento de desejos, anseios, de ódios, invejas, amores, enfim é como se tudo estivesse misturado em um grande caleidóscopio e nós estamos dentro disso tudo, sendo arrastados, tendo na Razão, apenas uma tênue força para resistir.
Podemos afirmar, sem medo de errar que Schopenhauer fotografa muito bem o que é a existência e em uma primeira leitura, é claro que nos abateremos com essa realidade nua e crua. Mas conforme vamos lendo seu livro, percebemos que o autor tem uma ideia de como seria possível, sair dessa corrente impiedosa.
Essa porta , ou essas portas seriam três: A ascese, através da limitação de nossos desejos, conceito que adquiriu de suas leituras do Budismo, conseguiríamos enfraquecer a força da Vontade dentro de nós. A arte, principalmente a Música que transcenderia esse mundo e nos traria assim a libertação dele, e por fim a ética da compaixão, que diferente de Kant com seu dever e imperativo categórico, enxergaria a dor, as vicissitudes de cada ser humano se compadecendo dele, o que quebraria a força do egoismo próprio da Vontade. 

UM NOVO HOMEM

UM NOVO HOMEM!










 Por muito tempo tive  curiosidade em ler Nietzsche, afinal sempre foi um filósofo aclamado por suas contestações, sua maneira ácida de criticar a filosofia e principalmente a religião. E como aos 20 anos eu vivia uma crise religiosa, comecei a ler alguns trechos do filósofo. Se bem, que antes de Nietzsche eu me deparei com Schopenhauer lendo seu livro mais famoso O mundo como Vontade e Representação. A filosofia dele era interessante, mas como já tinha lido algo a respeito a achei extremamente pessimista, e entendi muito pouco realmente o que ele queria passar. Só muitos anos mais tarde, voltei ao assunto e compreendi coisas que na época não atentei.
Nietzsche não foi diferente, antes de começar a ler seus escritos ouvia falar de seu extremo niilismo, de sua crítica ácida contra o Cristianismo. E assim, já iniciei sua leitura por um viés negativo, e confesso que bem pouco tempo ainda via o filósofo como "perigoso" , ou seja, que as pessoas não poderiam ler suas ideias sem uma boa estrutura psicológica.
No entanto,  meses atrás me deparei com alguns vídeos no Youtube de uma filosofa da Usp Scarlett Merton, e nesses vídeos a Professora da Usp delineia um Nietzsche bem diferente, enxergando suas ideias por uma outra perspectiva. Confesso que a partir daí, passei a olhar com outros olhos a maneira de pensar do mesmo.
Então Nietzsche não era apenas uma dinamite, um martelador e destruidor de ídolos , conceitos e valores... ele também tinha uma proposta diante do caos que era esse mundo. Afinal, quebrar, destruir, é fácil... difícil é propor soluções, colar o que está quebrado.
O filósofo em seus escritos procura através do método genealógico entender de onde surgem os valores bom e mau. Percebe ao estudar as diversas culturas humanas, que o valor Bom é próprio dos nobres senhores, significando Força, coragem, potência.... por outro lado mau, seria o contrário: a fraqueza, a falta de potência de agir, próprio dos escravos.
Já na ideia dos escravos, Bom, era o humilde, o fraco, o frágil e assim eram os escravos, e mau eram aqueles fortes, impiedosos senhores que queriam destrui-los.
Dessa maneira Nietzsche entende que os valores não foram criados por um Deus, mas por pessoas comuns, e que assim poderiam ser recriados.
Por isso entende é preciso trans valorar, criar novos valores que tragam em seu bojo um novo Homem. É ai que se cristaliza sua ideia de Super Homem, não um super herói como nas histórias em quadrinhos, com poderes sobrenaturais, mas um homem comum, mas nobre, aristocrático, Forte, corajoso, que não traga em si as deformidades dos valores ocidentais que por conta de algumas filosofias como o platonismo, Sócrates e depois o Cristianismo corromperam essa Força no Homem.
É por isso a crítica feroz que ele faz contra o platonismo, contra Sócrates e principalmente contra o Cristianismo.
Para ele, Platão ao criar dois mundos e privilegiar o mundo das ideias em relação ao mundo dos sentidos, nega a Vida como ela é. Assim também Sócrates com a subjetividade humana, com os valores morais e principalmente a vertente cristã, o platonismo dos pobres, que ao enaltecer o fraco, o humilde, o perdedor e escravo subverte o verdadeiro valor da vida.
Era preciso pois mudar tudo isso, era preciso resgatar o homem do escombro dessas filosofias e essa era a missão dele.
Assim, determinado os motivos que levam a sociedade ocidental ao declínio, o filósofo propõem que pensemos  em outros moldes, criando um novo ser humano. E esse seria o Ubermensch, o Super Homem, o homem que cria seus próprios valores, valores alicerçados na Vida, nessa vida do aqui e agora. Junto com a ideia de Super Homem Nietzsche também agrega o sentido do amor fati, ou seja de que é preciso abraçar essa vida aqui que estamos a viver, em todos o seu alcance, em seus bons e maus momentos, na sua grandiosidade e na sua tragédia. Podemos também citar a Vontade de potência essa ideia que ensina que existe uma intensa luta, em tudo na Natureza, desde o nível maior até o mais ínfimo. Até mesmo, dentro de nós, cada célula luta , compete com as outras para sobreviver, para ter a precedência. A teoria de forças de Nietzsche pressupõem que somos formados por conjuntos de instintos, módulos, e que a cada minuto esses módulos se sobrepõem, numa intensa luta por se afirmar.
É claro que não podemos esquecer do Eterno retorno, que poderíamos concluir que criam a ética do comportamento da filosofia do autor. Eterno retorno seria viver, na consciência de que tudo voltaria a se repetir, coisas boas e coisas ruis, momentos maravilhosos e tragédias. Se assim for, e estou consciente disso, preciso fazer a cada minuto o melhor de mim mesmo, pois sei que invariavelmente eu mesmo sou responsável por tudo que irei repetir eternamente.
Assim, o filósofo propõem um novo mundo, uma nova sociedade através de pessoas maduras, fortes, que criem valores fortes e assim sustentem o mundo e a sociedade. Com esses novos valores que darão ênfase a Vida aqui e agora é possível então abraçar as contingências, as certezas e tudo que vier, vivendo de forma responsável entendendo que tudo o que  acontecer e  se repetir foi fruto de minha consciência, de minhas escolhas e de minhas atitudes!

O MELHOR DE TODOS OS MUNDOS













Algo inegável se coloca diante de nossos olhos: O mundo em que vivemos é extremamente complexo e exige de nós uma profunda reflexão. Embora possamos perceber que existem , nessa vida, situações maravilhosas, que mesmo sem dinheiro, podemos usufruir, como por exemplo admirar um belo por do sol, brincar com uma criança, estar diante do mar, na Natureza selvagem, olhar e sentir oa beleza e perfume das flores, ter bons amigos, enfim, a vida , as vezes é encantadora. No entanto, por trás desse encanto, subjaz um mundo cheio e repleto de violência, extrema competição, vinganças, homicídios, inveja, pobreza, morte.... Talvez, se fossemos colocar na balança, o mal, infelizmente estaria ganhando.
Fomos criados, pelo menos a maioria de todos nós, dentro de uma visão de mundo cristã, onde sabemos desde tenra idade que Deus, sendo Bom e perfeito, sempre quer o melhor para nós. 
Mas como conciliar essa ideia infantil, diante da situação em que estamos na atualidade, em que o mundo parece se dissolver diante de tantas vicissitudes, em que valores até então profundos foram sendo relativizados e deixados para trás?
Muitas são as explicações, talvez a mais plausível seja a de que, embora Deus seja perfeito e Bom e queira sempre o melhor para nós, deixou-nos com a liberdade de escolha, o famoso livre arbítrio. O mau uso desse livre arbítrio teria ocasionado as distorções que vemos em nosso Planeta.
Igualmente temos também uma ideia interessante de Leibniz filósofo e matemático que em seus escritos diz que Deus é bom e que dentro de todas as possibilidades que Ele como Deus onisciente, tinha diante de si, criou o MELHOR DOS MUNDOS POSSÍVEIS.
Voltaire , outro filósofo, menos otimista e mais cético, satirizou essa ideia , em seu livro Cândido, onde conta as desventuras de  um rapaz ingênuo acompanhado de um amigo filósofo Panglós que , assim como LEIBNIZ, repetia ao jovem " Apesar de todas as dificuldades que passamos, veja pelo lado bom, estamos no MELHOR DOS MUNDOS POSSÍVEIS. 
Sinceramente, não vejo com conciliar a questão da imperfeição do mundo, com a Bondade de Deus. Pela crença , posso até acreditar que Ele sabe todas as coisas e que existe um sentido em tudo de mal que acontece, mas logicamente tais argumentos não me convencem, parecendo incompletos. 
Mas a vida segue, e o que devemos fazer, na minha maneira de entender é sempre buscar experiências positivas que minimizem os sofrimentos desse mundo de sombras!!!

FESTA JUNINA!

Ontem fui ao arraial de Lajeado, fazia um tempo que não ia ver as quadrilhas dançarem nas festas juninas. O povo do norte e nordeste brasile...