domingo, 7 de maio de 2017

SOBRE O QUE PERMANECE

Tenho me debruçado sobre o livro Antifrágil,  do libanês Nicholas Tabeb a meses, afinal são mais de 700 páginas, algumas com muitas informações técnicas   e conceitos matemáticos que me são totalmente estranhos, além de sinceramente eu nunca ter gostado de Matemática.
No entanto, o livro vai além de tabelas e fórmulas, usando ideias antropológicas filosóficas, históricas e através dessa interdisciplinaridade, desse diálogo entre diversas perspectivas, cria-se de certa forma um conhecimento que se torna transdisciplinar.
Tem muita informação, que pouco a pouco irei escrevendo no blog, deixando claro que já fiz algumas postagens sobre o inicio  do livro onde  o autor define o que é  seria esse conceito de antifrágil. 
Uma ideia muito interessante que ele trabalha é a questão da iatrogenia, que trocando em miúdos seriam efeitos colaterais causados por intervenções, principalmente médicas em um organismo. Taleb cita diversos exemplos sobre isso ( não vou me alongar), mas o conceito também poderia ser usado em relação a intervenções dentro da economia, em sistemas políticos. Na visão dele, é preciso deixar o processo acontecer com o mínimo de ajustes possíveis, pois no caso do organismo existem leis naturais, existe uma "sabedoria" da Natureza, que em milhões de anos de tentativas e erros, construiu uma maneira muito mais prática, inteligente e eficiente de resolver problemas.
O intervencionismo muitas vezes parte de uma ideia arrogante dos seres humanos de acreditarem que podem saber mais do que a Mãe Natureza, o que seria impossível, pois estamos aqui a apenas alguns séculos, enquanto a Natureza opera a milhões de anos....
Em principio eu entendi essa ideia dele como se fossem, nas questões relativas a Política e economia, a famosa mão invisível de Adam Smith o lassez fire lassez passer, mas com o desenvolvimento da leitura vou compreendendo, dentro do meu entendimento que de fato ele acredita em uma liberdade de mercado , no entanto não em moldes do que poderíamos dizer   indiquem uma radicalidade, no sentido de que  que sim é preciso intervir, em casos extremos, onde se perceba que uma não intervenção possa acarretar acontecimentos graves. 
Explica que a maneira como os políticos, economistas, médicos, enfim profissionais nas diversas áreas de conhecimento  atuam favorece a fragilidade dos sistemas, quando o ideal é a antifragilidade
Assim, quando um economista atua dentro do mercado tentando evitar crises,  de certa forma está na verdade tornando o sistema frágil, o que acarretará no futuro situações muito mais constrangedoras do que , se a principio permitisse a situação se desenvolver de forma que em determinado momento as forças que criaram o conflito acabariam por encontrar elas mesmas os caminhos de solução.
Posso usar também o exemplo de mães que superprotegem as crianças de germes, impedindo o sistema imunológico de se fortalecer, e favorecendo no futuro que essa criança seja muito mais susceptível a infecções e doenças.
Uma questão interessante também é relativa a ideia de ausência de evidência não ser evidencia de ausência.
O fato de em um primeiro momento algo não parecer prejudicial, não quer dizer que não seja prejudicial. Não existir evidências de que uma pessoa não tenha matado alguém não quer dizer que ele não seja um assassino. Pode até ser.
Ele cita o exemplo da gordura trans, criada pelos especialistas para substituir a gordura animal, vista por eles como algo prejudicial a saúde. 
Demorou anos para aparecer as evidências de que aquele tipo de gorduras matava as pessoas.
Outro insight bem interessante que ele propõem é relativo aquilo que tem duração na sociedade e como essa duração está relacionada a qualidade que aquilo demonstra e portanto, possível de ser usado, ou no caso alimentar ingerido.
Na Cultura, cita os livros clássicos: República de Platão, livro com mais de 2000 anos e que permanecerá por mais tantos anos...a própria Bíblia, que sequestrada pelos religiosos é muito mais do que um mero compêndio religioso, mas um conjunto de textos, alguns filosóficos, como poéticos entre outros. 
Na alimentação, temos algumas frutas milenares, o vinho por exemplo, á água.....
Em contrapartida, que são os refrigerantes, as gorduras trans, o que é o livro da Bruna Surfistinha .... serão com certeza, esquecidos e abandonados em alguns anos.
Portanto Taleb é taxativo que só faz uso, e escolhe coisas, situações e alimentos que fazem parte de uma história e durabilidade que vem de séculos. Isso querendo dizer, na minha opinião que aquela durabilidade lhes concede qualidades que devem ser apropriadas por todos nós. 

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