Ontem fui ao arraial de Lajeado, fazia
um tempo que não ia ver as quadrilhas dançarem nas festas juninas. O povo do
norte e nordeste brasileiro gosta muito dessa festa. Quando eu era pequeno
inclusive gostava de dançar no colégio, passávamos vários meses ensaiando só
para apresentar para comunidade que participava do arraial na escola. Era muito
divertido, além da quadrilha no colégio, também tinha a do bairro.
As quadrilhas tem origem na tradição
camponesa de comemorar o período da colheita, por isso umas das coisas
marcantes das festas juninas são a culinária, a abundancia de comida. Muita
comida e bebida. Pamonha, milho assado, pé de moleque, quentão entre outras
gostosuras.
Mas a parte melhor sem duvida eram as
quadrilhas. O caminho da roça, o casamento, os figurinos simples, o chapéu de
palha, as camisas quadriculadas, os vestidos de renda. O som da sanfona, do
zabumba, do pandeiro e do triangulo. Tudo era muito simples, qualquer um podia
participar.
As festas juninas era um jeito de
lembrar a nossa origem camponesa, resgatar nossos costumes, celebrar nossa
cultura, matar a saudade do campo. Da nossa terra de onde fomos obrigados sair
para dar lugar à monocultura de soja, cana de açúcar, eucalipto, pasto pra gado
ou para construção de usinas hidrelétricas.
Ontem fiquei olhando a festa junina
aqui no Lajeado, há algum tempo não ia a uma quadrilha. Fiquei triste pelo que
vi, as coisas mudaram tanto. A festa junina deixou de ser um espaço de diversão
para se tornar um espaço de competição. As músicas aceleradas que nada lembra o
forrozinho pé de serra. Agora se tornaram uma espécie de forró enredo.
O figurino todo cheio de brilho
parecendo fantasias de carnaval, muitos passos foram modificados, alguns
desapareceram a exemplo do bêbado e do veado, dizem que agora é quadrilha
politicamente correta. Ai de nós, não é para tanto. As quadrilhas pulam
alucinadamente, são tudo cronometrado, coreografado, quadrilhas enlatadas,
industrializadas.
Senti saudade do meu tempo de criança,
das quadrilhas no colégio, do grupo do império na baixa preta, bairro onde
morava. Da diversão que era. Da animação. Quando se dançava quadrilha não para
se disputar troféu ou ganhar dinheiro, mas para festejar e relembrar a nossa
origem camponesa. As quadrilhas de hoje infelizmente estão mais para carnaval.
Que pena, que pena.
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