domingo, 2 de abril de 2017

SOBREVIVENDO

Já me questionei por diversas vezes, se de fato em algum momento eu tive uma experiência verdadeira de estar vivo, não no sentido biológico, mas de realmente aproveitar o que a Vida nos oferece enquanto vivências verdadeiras, que brotam do fundo de nossa alma, e não simplesmente uma reação a estímulos consumistas, a modelos de vida que nos são impostos pela sociedade.
Por inúmeras vezes enxergo a vida do cidadão comum no Brasil, como aquela vida dos servos da Idade Média, cujo maior prazer eram as festas religiosas, onde poderia quem sabe, dançar, conhecer mais pessoas interagir , enfim sentir- se alguém por alguns momentos.
Aqui no meu bairro Parque São Bento em Sorocaba SP. a maior diversão das pessoas é ir ao culto aos domingos. Porque na Igreja se apresentam peças teatrais,  danças, coreografias, exibições diversas, além das festas por diferentes motivos.
É claro que tudo pelo viés religioso, 
Talvez o mais acessível economicamente seja o cinema, onde consigo ir algumas vezes durante o mês. Ou seja, um professor formado, concursado, com inúmeros cursos de atualização que está a dezoito anos na rede pública, consegue apenas ir ao cinema com o salário que recebe. Desanimador Isso é muito entediante, porque a gente fica impregnado com uma visão de mundo tão pequena, e que apesar de tantos livros que se lê, e que nos dão a dimensão do que é o mundo, as diversas culturas e riqueza dessa Cultura, temos quase sempre a visão apenas de uma : A visão cristã.
Isso está se tornando comum no País, onde em cada esquina existe uma denominação religiosa, e onde de acordo com muitas pesquisas em alguns anos seremos não mais uma nação de católicos mas de evangélicos.
O mais inquietante disso é que o Estado que deveria ser laico, está também sendo invadido pela religião, haja visto a bancada evangélica que domina amplos setores no Congresso, fazendo cultos evangélicos em secretarias e departamentos do Governo, além da concessão de inúmeras redes de televisão e rádio para que os pastores possam doutrinar seus membros.
Sou cristão, mas não concordo com essa homogenização da sociedade. Acredito no poder do Cristianismo, mas também na cultura clássica, secular, na filosofia, nas Artes, na Música também como poderes transformadores das atitudes humanas.
Me sinto angustiado em ter que partilhar valores que não são os meus valores, embora os respeite e acredite que muitos deles ainda são importantes dentro de nossa Cultura.
Prefiro eleger a Ética e a Filosofia como norteadores do agir humano em sociedade, deixando para a Igreja, dentro do seu contexto a criação de regras morais de conduta.
Me sinto sobrevivendo, dentro de um sistema engessado pela religião, que quer impor verdades, que exige comportamentos, que prioriza controlar ações , e até mesmo ideias.
Vivemos momentos tristes na atualidade, momentos de pobreza intelectual moral e ética.

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