A vida boa sempre foi uma discussão em Filosofia. Desde a época de filósofos como Sócrates e Platão havia o desejo de felicidade que era conhecida pela palavra eudaimonia.
Na visão socrática e platônica a boa vida exigia uma reflexão e uma análise profunda sobre a Vida e seus fundamentos. Assim , por exemplo para sermos felizes teríamos que entender o que queremos dizer com o conceito de felicidade. Se queremos ter amigos sinceros, o que seria a amizade... e em sequência os conceitos de Amor, Verdade, Igualdade, Justiça, seguiriam o mesmo processo de exame.
Dessa forma deveriam existir critérios que pudessem ser elencados, de maneira que eu conseguiria perceber particularidades comuns entre os conceitos e assim eleger o que de fato significariam eles.
Poderiamos eleger como critério de amizade, o fato de alguém ter omitido uma informação a respeito de um comportamento nosso, comportamento esse imoral, como por exemplo ter inventado uma mentira a fim de almejar algum benefício. Mas esse pretenso amigo, fazer vista grossa a um erro seu, não estaria a longo prazo impedindo uma formação ética mais consistente da sua personalidade? Teria sido, ele de fato amigo?
No amor, poderíamos exemplificar a atitude de um pai, que por cuidado não permite ao filho se divertir, sair com amigos, conhecer coisas novas..... Seria esse um critério para definir amor, ou ao invés disso o que vemos aqui é um excesso de proteção que a longo prazo, irá podar estruturas individuais de seu filho importantes para a vida em sociedade?
No quesito Verdade podemos supor que essa seria uma concepção ligada ao conceito cristão, e que portanto a única verdade é aquela dada por Deus, que tem essas premissas escritas na Bíblia. Mas nem todos são cristãos, nem todos entendem a Bíblia como sendo um livro de verdades eternas.
Assim, vamos percebendo que as coisas não são tão simples como aparentemente possam parecer, e seria preciso uma outra maneira de perceber a validade dos conceitos.
Platão e Sócrates sugerem que em tudo que vivemos existem essências, ou seja particularidades que definem o que algo é.
No entanto essas essências só poderiam ser percebidas pelo uso da Razão, pelo pensamento, pela abstração. Visualizamos assim a Teoria das Ideias de Platão, onde haveria um mundo das essências. Nesse mundo vemos as coisas como cópias imperfeitas. Temos um cavalo, sabemos como é, mas vemos na verdade uma cópia desse cavalo. A idéia de cavalo, sua essência perfeita está em uma região acessível apenas pelo pensamento, o Mundo das Ideias.
Assim seria também com os conceitos Amor, Verdade, Beleza, Justiça e outros. As suas essências estão no mundo das Formas Perfeitas.
Platão e Sócrates vão além. Dizem que nós já tivemos acesso a esse lugar, no entanto nos esquecemos. A a alma antes de vir para o corpo habitou nas Essências e as contemplou. Tem dentro de sua mente, sua alma, as imagens ali guardadas apenas como reminiscências.
A missão do filósofo seria exatamente trazer novamente para a realidade o que está dentro do individuo. E Sócrates fazia isso muito bem quando, duvidava e indagava as pessoas nas ruas de Atenas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário