sábado, 3 de novembro de 2018

MITO OU FENÔMENO?

O que é um Mito? Se lançarmos a pergunta no buscador do Google as respostas serão relacionadas a histórias fantásticas, lendas dos grandes feitos épicos de heróis na Antiguidade e que de certa maneira trazem algum fundo de verdade.
Por outro lado, fenômeno é todo fato "observável". mas são fatos especiais que demandam mais atenção, que precisam ser estudados com regras , através do método   científico. Claro que na linguagem coloquial fenômeno simboliza alguém com talentos acima da média como por exemplo Ronaldinho o "fenômeno" 
Nas últimas eleições tornou-se comum chamar Bolsonaro, o capitão reformado do Exército Brasileiro  que alias se tornou o novo Presidente de Brasil de "Mito".
Guardada as devidas proporções, certamente não existe como comparar Bolsonaro a um mito, no sentido que damos a palavra, pois isso envolveria feitos de grandiosidade épica que sabemos que o nosso Presidente, muito embora um homem correto e trabalhador não o tem.
Porém não há como negar que o capitão é um fenômeno social, porque destoou de todas as outras campanhas presidenciais anteriores, seja no discurso, ou mesmo na maneira como conduziu sua campanha política.
Com muita inteligência, e sem dúvida com a assessoria de pessoas altamente profissionais na área de Marketing e psicologia de massas, Bolsonaro serviu-se de um discurso DURO, criando a FIGURA DE UM INIMIGO COMUM  a ser enfrentado pelo povo brasileiro : O PT e a corrupção, que era culpa do PT ( os dois termos se retroalimentavam)
Apoiado por uma onda conservadora que não é apenas brasileira , mas mundial, e usando técnicas como a do Presidente Trump, catalisou para a sua campanha o voto de milhões de insatisfeitos.
Muito importante foi também a noção de que a sociedade brasileira é extremamente conservadora ( meses antes havia saído uma pesquisa nos jornais atentando para o fato) e esse conservadorismo estava mais relacionado as parcelas mais pobres da população brasileira . Sabendo disso, sua equipe endossou o tripe das reivindicações nas ruas: Moralismo, luta contra o PT e a corrupção e religiosidade.
Uma aliança com pastores influentes , das maiores Igrejas brasileiras como Assembléia de Deus, Quadrangular e Universal, promoveram um crescimento exponencial na reta final de campanha.
Não se pode esquecer também a estratégia do uso das redes sociais. Emulando quem sabe o que já havia acontecido em Hillary Clínton e Trump e a decisiva participação das redes sociais na eleição do americano a Casa Branca, Bolsonaro utilizou-se de forma bastante inteligente das redes, inclusive desbancando jornais como a Folha e o Globo.
Enfim, essa campanha política deverá ainda ser objeto de muitos estudos e o fenômeno Bolsonaro também.

EDUCARE E EDUCERE

A educação sempre foi um dos projetos mais importantes da Humanidade, embora também muito negligenciado por fatores diversos. Na Antiguidade educava-se em casa, pelos pais ou mais velhos. Foi somente após a Revolução Francesa que o Ensino Público obrigatório  se tornou realidade, embora haviam muitas pessoas que entendessem que isso nem era tão importante. A própria Igreja católica desestimulava seus fiéis á leitura   entendendo que a Bíblia somente podia ser interpretada pelo Papa. Nesse sentido os protestantes foram muito importantes, Lutero sempre valorizou a alfabetização, pois quanto mais pessoas lessem mais a Bíblia seria divulgada.
Também é fundamental definir o que cada um entende por educar. Não basta apenas saber ler e escrever, é necessário que isso sirva á práticas diárias. De que me serve uma ferramenta se eu não consigo entender qual a sua função?
Assim alguns entendem que educar é somente orientar os alunos a conquistarem seus objetivos, a desenvolverem-se moralmente serem bons cidadãos ou terem aptidão para o trabalho.
Por muito tempo aceitou -se a tese do filósofo inglês John Locke a qual dizia que nascemos tábulas brancas, nada existe em nosso sistema cognitivo portanto é necessário "encher a cabeça do aluno" com o conhecimento que os adultos tem. Por esse viés , as crianças nada sabem e precisam inteiramente da mediação dos adultos.
Até pouco tempo eram comuns aulas somente expositivas, onde os professores únicos detentores do saber, ficavam a vontade para orientar os alunos ao caminho que acreditavam ser mais correto. 
Paulo Freire educador brasileiro usou o conceito de educação bancária para ensinar que nossos alunos sentavam-se e apenas ouviam, não existia nenhum tipo de interação entre professor e aluno.
Mas as ideias foram mudando . Já na época de 30 a chamada Escola Nova pensava o aluno como alguém ativo, que participa da construção do conhecimento. Essas ideias eram baseadas nas obras de John Dewey pensador americano.
Mais tarde Piaget irá revolucionar a concepção de ensinar e aprender quando propõem suas ideias a respeito de como ocorre o aprendizado dentro da mente das crianças. Importante frisar que Piaget não criou uma teoria pedagógica, isso veio acontecer mais tarde com os estudos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky  a respeito da maneira como as crianças constroem o conhecimento. 
Também existe uma outra maneira de entender educação, ou seja não é apenas orientar, instruir, mas principalmente CONDUZIR PARA FORA.
Fora de onde? Das nossas próprias impressões e percepções daquilo que entendemos saber do mundo, das bolhas em que vivemos.
Claro que não podemos entender esse conceito como o enxergava Platão que postulava existir dois mundos, um das aparências e outro das ideias perfeitas. Assim, em determinado momento  da existência estivemos nesse mundo perfeito e essas ideias ficaram gravadas em nossas memórias. Mas ao retornar para esse plano terminamos por esquecer .
Assim, a função do educador ou filósofo , seria  trazer a tona as memórias esquecidas, o que ficou conhecido como teoria das reminiscências. 
Porém temos a Psicanálise que nos trás o conceito de inconsciente, e alargando mais a concepção teríamos até mesmo o inconsciente coletivo, com os arquétipos de Jung. Pode-se argumentar que a Ciência não considera verdadeiramente científicas essas teses, mas séculos de prática psicológica nos faz pensar que é possível despertar possibilidades adormecidas nas pessoas.
Certamente que é fundamental a mediação da Cultura em todo esse processo, afinal para só lembrarmos crianças lobos encontradas na Índia no início dos anos 20 demonstraram que se deixado sozinho o ser humano não se desenvolve. 
Portanto educar nesse sentido é, através da mediação com seus alunos, com as pessoas, despertar o que há de melhor nelas, sendo que muitas vezes elas estão indiferentes as suas potencialidades.

RETROTOPIA

" Na época da Ditaduras, tínhamos mais segurança. A cartilha Caminho Suave é que alfabetizava. O ensino era bom antes. Minha mãe só tinha a quarta série e sabia fazer várias contas de Matemática"
Frases assim são corriqueiras na atualidade, e pelo que parece ainda ecoarão por muito tempo em nossos ouvidos.
Se colocando muito mais como um "cientista social" do que como alguém que vai emitir um juízo de valor sobre essas questões, parece  que existe um esgotamento  por parte da sociedade em geral em relação aos grandes temas da Humanidade.
Não temos mais paciência com as promessas surradas dos mesmos políticos, a educação continua a patinar nos mesmos erros, o mundo nos cansa. Queremos algo simples, que resolva nossas questões mais importantes, mesmo porque o que temos hoje é a certeza do agora. Viver no Agora já não é mais algo transcendental e libertador como nos propõem o livro com o mesmo nome O poder do Agora de Eckhart Tolle, onde a postura de perceber-se no momento atual nos liberta dos condicionamentos de viver sempre pensando no passado ou no futuro, deixando portanto de viver. Não há opções. Estamos presos no agora, em função de que não há como planejar um futuro , afinal temos que SOBREVIVER. Os empregos já não duram uma vida, mas alguns anos ou meses, os relacionamentos igualmente estão líquidos, troca-se de companheiro(a) como quem troca de roupa. De fato vivemos tempos líquidos como nos ensina Bauman.
Citando o , há um outro conceito bastante interessante que também é trabalhado pelo autor. Trata-se da RETROTOPIA.
Acredito que a maioria conhece o livro de Thomas Morus intitulado a Utopia onde os utopinianos vivem em uma sociedade organizada de maneira que não existem desigualdades sociais, onde o ouro e a prata são ignorados, enfim um mundo idealizado. UM lugar imaginário.
Também estamos familiarizados com o termo Distopia, que diferente da Utopia afigura-se em uma sociedade onde existe grande opressão, embora também por outro lado exista um ambiente cercado por tecnologia. Exemplos Jogos Vorazes, Divergente, O Guardador de Memórias, nos dão uma noção do que realmente se passa nessas sociedades e em muitos casos podemos até fazer comparações com o momento atual em que vivemos.
A RETROTOPIA é um conceito trabalhado por Zigmund Bauman em seu livro póstumo. Quer dizer, em linhas gerais, que ´nas últimas décadas os seres humanos estão buscando reviver velhos pensamentos, ideias, conceitos, como se voltar as práticas políticas, a pensamentos filosóficos a ideias que deram certo , pudesse de forma mágica resolver a maioria dos nossos problemas.
Tínhamos com o advento do Iluminismo uma proposta positiva de progresso, compreendendo que o Homem conseguiria vencer suas dificuldades, sobrepor-se a ignorância e que caminharíamos todos de mãos dadas para um futuro brilhante. Sofremos todos um grande abalo com as duas Grandes guerras. 
Apesar de conseguirmos vencer o fascismo e o nazismo nas décadas de 20 e 30 um sabor amargo permaneceu . Após a vitória dos aliados,agora era preciso dar conta de algo tão sombrio como as duas outras teorias do ódio. O Comunismo.
Porém no fim da década de 1980 tivemos a queda do Muro de Berlim , o socialismo se esfacelou, decretou-se o Fim da História. 
Tudo indicava que iriamos finalmente avançar. Uma Nova Ordem Mundial se estabeleceu, a globalização prometia um novo período de Progresso a Humanidade.
Infelizmente , passadas duas décadas, novamente os ânimos se esfriaram, pois o que vimos foi uma acumulação gigantesca de capitais nas mãos das empresas, um esvaziamento do Estado, e as crises econômicas cada vez mais destrutivas.
Talvez isso tenha causado um saturamento nas pessoas, cansadas de buscar pelo progresso.tentam enxergar no passado momentos que foram bons e tentar resgatar esses momentos.
O retorno ao autoritarismo, a uma moral mais severa, a ideias e conceitos que eram considerados ultrapassados, como por exemplo a ideia da Terra Plano, ou o medo das vacinas.
Não sabemos ao certo quanto tempo durará essa onda de conservadorismo que tomou conta do mundo, mas ao que parece ela ainda durará muito.

FESTA JUNINA!

Ontem fui ao arraial de Lajeado, fazia um tempo que não ia ver as quadrilhas dançarem nas festas juninas. O povo do norte e nordeste brasile...