A maioria de nós já ouviu a metáfora da lagarta que depois de um longo processo se transforma em borboleta, e certamente isso fala muito conosco, pois dá uma dimensão clara do que significa mudança.
Mas o que seria mudança? Nesse caso específico seria mudança de forma, ou seja, uma lagarta que a principio nos dá uma certa repugnância pelo seu aspecto, pouco a pouco vai deixando aquela aparência rústica e nos encanta com a leveza das asas da borboleta.
De um aspecto indesejável a uma bela estética, de uma aparência pobre de recursos, para uma forma leve, radiosa, e geradora de sentidos e alegrias.
Também mudamos... e quantas mudanças já aconteceram em nossas vidas. Desde o nosso nascimento, ainda bebés, todo o nosso físico, e a nossa estrutura psicológica foram se adaptando e se formatando aos momentos pelos quais passamos.
Até que chegamos a fase adulta, onde aparentemente nos tornamos mais "sólidos", mais comprometidos com uma identidade que sentimos prazer em ostentar.
No entanto, há vida exige muito de nós, e em vários momentos é necessário que tomemos consciência que é preciso uma revolução.
Até que ponto essas transformações significam mudanças internas, ou somos como a borboleta que mudou apenas de forma?
Quantas vezes mudamos de ideias, para apenas outras ideias, de crenças para outras crenças, de condicionamentos para novos condicionamentos.... Não há nesse processos um aprofundamento, insights que transformem nossa psiquê, e reformulem de verdade nosso interior.
Metanoia é outro principio grego que também se refere a mudança, mas não de forma, e sim psicológica, no nosso interior, de dentro para fora.
Particularmente sou uma pessoa que leio bastante, de vários estilos desde Psicologia a Filosofia e autoconhecimento. Percebo que detenho conhecimentos básicos em muitas áreas do saber , que me dão condição de conversar de maneira competente por diversos assuntos.
No entanto, quando durmo, tenho observado que a pessoa que habita nesses mundos noturnos, parece um adolescente, com carências, modelos de pensar, maneiras de resolver questões, baseadas em um homem que não sou mais, embora sempre acreditei que o conhecimento que detive pudesse realmente ter me transformado.
Assim percebo, que apesar do verniz , apesar de um grande conhecimento, permaneço, no mais profundo da minha alma, com um núcleo muito inconstante , como se o eu que existe no sonho não foi alcançado pelos inúmeros livros que li enquanto eu consciente.
Me parece que a maioria de nós, apesar de tanta leitura, de a grande maioria ser cristão, ou mesmo professar outras filosofias, de tantos estudos e artigos sobre autoconhecimento, ainda continuamos com a alma intocada!
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