Talvez uma
das situações mais difíceis com que nos
defrontamos desde que estamos nesse mundo é a questão do mal.
É constrangedor ter que aceitar que se vivemos
em um mundo criado por um Deus benevolente, Onipotente, experimentamos tantas desventuras.
Epicuro
, há séculos atrás se defrontou com essa
situação e propôs o seguinte paradoxo
Ou Deus pode
vencer o mal mas não quer, ou quer e não pode ou não pode e não quer ou pode e
quer.
Então se
quer e não pode, faltar-lhe-ia a onipotência, se no entanto não quer , mas pode
então não existe nele bondade, se não pode e não quer perde-se a noção da Divindade, mas se quer e se pode,
então porque não o faz?
Assim,
talvez um dos homens que deu uma resposta mais satisfatória, embora não ausente
de falhas foi Santo Agostinho. Agostinho foi um dos primeiros grandes padres da
Igreja, que junto com Tomas de Aquino desenvolveu a filosofia para ampliar a
teologia.
A idéia do
pensador era assim: Na verdade não existe o mal enquanto substância, mas apenas
o mal moral e o mal natural. O mal moral é devido ao homem, pelo seu pecado
original, pela sua incapacidade em usar
o livre arbítrio que Deus lhe deu , extrapolando os limites do mesmo e incorrendo
em erro. Em decorrência desses percalços
aconteceriam todos os males naturais, como enchentes, terremotos e as mazelas
que conhecemos dentro da Natureza.
O mal no sentido metafísico , esse nunca
existiu; o que na verdade ocorre é que na ausência do bem, na falta de Deus,
surge o mal. É como uma aliança de ouro. No processo de composição da mesma, na
sua confecção circular, sobra um espaço em branco um “buraco”. Na verdade, não
existe uma substância buraco naquela aliança. O que falta na verdade é o ouro
naquele espaço. De igual maneira, não existe o mal, mas apenas a ausência do
bem, o que geraria a percepção negativa
Analisando o
argumento outros filósofos viram falhas, como Baley, que dizia que embora se
possa argumentar que Deus não é culpado pelo mal, da mesma maneira cabe nos
lembrar que se foi Deus quem deu o livre arbítrio ao homem e se Deus sabia que
esse homem iria extrapolar no uso desse conceito, então Ele de certa forma é
culpado do mal causado pelo homem.
Leibnis
também procura modificar a questão da origem do mal.
Em sua
idéia, a Divindade criou o melhor dos
mundos possíveis, querendo dizer com isso que ao gerar todas as possibilidades
possíveis, o Eterno calculou matematicamente a melhor das situações em que nosso
Planeta poderia existir, e dentro dessas
possibilidades teria colocado o mal como variável para equilibrar o sistema,
sendo que l no final da equação os
malefícios serviriam para criar vantagem e não perda.
Ou seja, nós
enxergamos algo como ruiml, porque vemos apenas em parte, não temos a visão do
todo, como Deus, e esse tendo a visão do todo permite essa entropia porque sabe
que ela vai colaborar com um Bem maior
no futuro.
Esse
posicionamento de Leibniz é chamado de otimismo filosófico e também recebe
críticas de Kant, de Voltaire e de Rosseau
Kant
acredita, como agnóstico que é, que não existe possibilidade de compreendermos
a maioria das questões metafísicas, portanto não há como falar sobre elas.
Voltaire, usando como exemplo o terremoto ocorrido em Lisboa em 1775, sustenta que, de que maneira iríamos argumentar com
aquelas pessoas que tiveram seus parentes mortos,? Que de alguma maneira seriam
beneficiadas com o ocorrido, que os cães e os vermes e os ratos iriam ser
alimentados com o cadáver de seus queridos, que haveria emprego para pedreiros
e arquitetos?.
Rosseau por
outro lado exime Deus de qualquer culpa, dizendo que o homem é o responsável
por tudo de negativo que acontece, porque rompeu com seu estado natural e
através de atitudes a de alguns que se apropriaram das riquezas e criaram as desigualdades que trouxeram tantas desgraças para a
Humanidade.
Enfim, o
problema do mal de certa forma continua ainda como algo que não tem uma
resposta definitiva e cabe a cada um de nós sempre refletirmos sobre o assunto
de maneira a ampliar nossos conhecimentos e tentar amenizar um pouco nossas
dores.