Soneto de fidelidade é um dos poemas mais lindos que já li. A maneira como o sentimento amoroso desfila pelos versos, demonstra alguém zeloso, preocupado em sentir, sorver de maneira preciosa a emoção, o desejo o valor da amada e objeto desse amor.
É como se o eu lírico quisesse eternizar os segundos,desse"infinito enquanto dure" valorizar cada momento, pegar nas mãos aquele sentimento e pouco a pouco ir se apropriando de suas nuances.
Toda vez que leio esse poema lembro-me de um pensamento que diz mais ou menos isto " Não importa o tempo que você viveu, mas a intensidade dos segundos que você experimentou a vida"
Afinal, de que vale viver uma existência de 70, 80 anos com alguém, se esse sentimento foi morno, insosso, sem brilho? Melhor seria ter vivido um grande e inesquecível amor, mesmo que ele tenha durado apenas alguns momentos.
"Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure" sintetiza tudo o que eu já escrevi. Mas também , no meu ponto de vista, demonstra um tipo de sentimento e relacionamento marcados pela pós modernidade, uma urgência em se viver, em intensificar os sentidos,
Zigmund Bauman em um de seus livros Amor líquido fala algo desse amor que temos nos tempos modernos. Um amor que não se mantém em pé diante dos desafios da vida moderna, um amor que se desfaz diante dos apelos desse mundo, das opções que se oferecem as pessoas, da transformação das mesmas em objetos e mercadorias e de como as leis do mercado, da concorrência, da personalização dos gostos e prazeres, sequestrou o amor e o transformou também em um bem de consumo descartável..
Não podemos igualmente ser ingênuos em acreditar que o amor romântico como nos é vendido pela mídia possa se sustentar , visto que é uma construção social recente.
No entanto, precisamos construir sentidos e visões que permitam um amor maduro, que não seja apenas chama, nem ao menos imortal, mas um sentimento que nos permita respeitar nosso parceiro(a) e que juntos possamos realizar uma vida prazerosa e possível!
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